A Vitória

Natalia Oliveira

O dia amanhece triste com o céu nublado, não é possível nem ouvir as folhas das árvores balançando ao vento. A cidade está em luto.

Vitória tenta se esconder entre os destroços das casas e dos corpos caídos ao chão. Com os olhos arregalados, observa ao redor, vê pessoas correndo à procura de abrigo e pais carregando seus filhos mortos à procura de um milagre. Um choro chama sua atenção, ainda abaixada, estica o pescoço avistando uma mãe com uma criança no colo.

Surge um ruído de motor ao final da rua. Ao olhar em direção ao som, avista pessoas correndo à procura de abrigo. O ruído aumenta e logo surgem centenas de tanques de guerra.

Apavorada, se encolhe mais ainda atrás dos destroços e com muito esforço tenta controlar a respiração ofegante. A injustiça em ver homens matando por uma causa desconhecida faz com que chute a terra que sobe em forma de fumaça. Agora sem saída, pensa nos dois homens que começaram tudo isso e que devem estar em suas poltronas rindo.

Vitória se ergue, corre em direção aos tanques e se vê parada diante de armas de fogo com as pernas trêmulas estendendo um pedido de paz. Os tanques param, ela ouve um comando e os motores são desligados.

Um sentimento de esperança invade seu coração, um ato de coragem ou de revolta fez com que todos refletissem por pelo menos alguns instantes.

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