Papel preto

Aline Hübner Prado

- Boa noite. Eu gostaria de uma mesa para dois, por favor.

- Eu receio que isso não seja possível, senhor.

- E por que não? Pelo que posso ver o restaurante está quase vazio.

- Infelizmente faz parte da nossa política não aceitar pessoas de papel.

- Mas isso é um absurdo! Apesar de ser de papel, tenho tanto direito de jantar aqui, como qualquer outro! Quero falar com gerente, já!

- Um momento, senhor. Vou chamar nosso gerente.

Alguns instantes depois.

- Pois não, senhor. Como posso ajudá-lo? – diz o gerente.

- O maitrê de vocês acaba de me dizer que não sou bem-vindo à casa por ser feito de papel.

- Isso  não é verdade, senhor.

- Então é possível conseguir uma mesa?

- Infelizmente não, senhor.

- Mas por que não?

- É que o senhor é feito com papel preto.

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